Toca o rosto suado da moça com leveza. Beija sua testa com os olhos cerrados numa oração que se constrói. Afaga seus cabelos com doçura, revela sua culpa de não dizer o que sentiu quando sentiu que não sabia dizer. Corre os dedos por seu corpo trêmulo e descobre sua pele em devaneios.
Cada curva escorre pelas mãos.
Cada toque, uma saudade que vai ficar.
Alinha seus suspiros num só compasso, morde seus lábios e sussurra amores impossíveis em seu ouvido. Faz de conta que é verdade e conta tudo outra vez.
Olha em seus olhos e seus olhos sentem fome. Anseiam devorar seu vigor em fogo desvairado enquanto sucumbe pelo ar, até a próxima vez.
Então suas mãos se unem e, seguras, se confundem. Retalham-se os corpos. Misturam-se as carnes. Entorpecem-se os sentidos. Aceleram-se os batimentos num só.
Alimentam-se os desejos num só.
Colorem-se os desejos num só.
Encerram-se os desejos num só.
Promessas que se cumprem vorazes. Saudades que se esgotam em chamas chispantes. Orvalho que cai na flor pra regar a vida. Verdades ocultas, palavras que despertam paixões pra quem as deseja.
Toca o rosto suado da moça com leveza. Beija sua testa com os olhos cerrados numa oração que se constrói.
Ah, o prazer!
Essa oração capital...
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