quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Sina Nossa


 


É quando o engasgo trava a voz em verdades chispantes. Um bolo amargo vai se formando no estômago. Coração acelera. Respiração descompassa. A visão fica turva. Realidade se confunde. Você sabe que não é real. No fundo você sabe. São as dores do mundo se manifestando, viscerais. Mas você não consegue controlar. A morte é iminente. Há um tremor que te paralisa. Os minutos passam e você sabe que vai ter de lidar com isto. Logo tudo voltará ao normal. Aguente firme, a vida vem te resgatar. Sempre vem. Você sabe.

Às vezes você suporta essa fúria com a leveza de um anjo. No primeiro sinal desse medo insano, antes que aquele turbilhão de sensações destrutivas domine sua mente e seu corpo, você respira fundo. Não. Não é real! E a dor se esvai. E o medo se esvai fugidio como serpente covarde que errou o bote.
Esse medo é um monstro que te consome. Pior do que aqueles que você acreditava existirem embaixo de sua cama enquanto você aguardava a chegada de Morfeu nos tempos de infância. Distorce suas visões, altera seus sentidos, te reduz a pó. E em pó, você escreve. Paradoxalmente livre. Paradoxalmente em paz...

“Posso ser um anjo, um louco, um monstro. E, de tanto em tanto, bem muito eu queria! Visões distorcidas fazem a gente sonhar. E sonhar é tão bom...”

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